google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 A vida começa aos Oito - AUTOentusiastas Classic (2008-2014)

A vida começa aos Oito


Ainda não consigo entender. Faz muito tempo que tento, já conversei com muita gente, e nunca surge uma resposta. Por que os automaníacos são viciados em estado terminal pelos motores V-8?

Vejamos, pode ser por causa do passado. Grande parte dos carros que passaram por aqui no passado eram americanos equipados com V-8. Mas também passou por aqui o boxer VW, bem como os pequenos quatro-cilindros em linha da Renault e da Fiat. Ao longo dos anos, os V-8 foram desaparecendo, dando lugar aos mais baratos e mais econômicos motores. Voltaremos a isso depois.

Pode ser a potência dos motores, mas não faz muito sentido, já que os V-8 que conhecemos em grande maioria são ineficientes e com baixa potência específica. Existem motores mais potentes bem menores e mais eficientes, como os BMW e Porsche turbo, os motores italianos da Ferrari e Maserati. Se analisarmos com cuidado, até um motor diesel pode ser mais eficiente e com melhor aplicação.

Definitivamente não é pela tecnologia presente. A concepção não mudou muito em 40 anos, basicamente o que se precisa é um bloco de ferro enorme com oito buracos, um eixo comando de válvulas, algumas varetas e um carburador que pode sugar um passarinho pra dentro do motor sem dificuldades. Só mais recentemente que os V-8 americanos foram modernizados, mas com o mesmo princípio, e assim nasceu o LS7 GM, um dos melhores motores do mundo. Ford Cammers também. Os motores atuais da F-1 são V-8, mas pergunte pra qualquer entusiasta sobre V-8 de F-1 e a primeira coisa que ouvirá serão as letras D-F-V.

Talvez o som produzido por um motor desses, sua frequência de funcionamento e ordem harmônica inconfundíveis. Mas, calma lá, é um ronco como outro qualquer, característico como um Porsche boxer-6 ou um V-12 Ferrari. Não há como negar que um V-12 destes arrepia até a alma. E antes que já pensem que esqueci, Ferrari faz V-8 sim, há anos, e são maravilhosos, mas quase ninguém lembra de uma Ferrari por um V-8, certo? Os Bentley 6 ¾-litros são mais para o lado dos americanos, grandes mastodontes geradores de torque para virar o mundo pro outro lado.

Deve ser influência direta dos americanos com a questão do passado, pois é a cultura deles. É uma cópia de cultura, como quase tudo o que fazemos. De alguma forma, fomos infectados por eles. Não são os mais potentes, mas inegavelmente são potentes se bem preparados. Não são um primor de tecnologia, mas e daí? Não soam como um V-12 italiano que arrepia a alma, mas acordam os mortos e fazem as flores murcharem com seu ronco embaralho.

Ainda não sei o que é, talvez não precisemos de uma explicação, o que importa é que eles estão nas nossas vidas, e não nego que sou apaixonado por eles.

14 comentários :

  1. Nem sei o que falar, um dos melhores textos que li aqui até hoje. A parte da discrição do som dos motores V8 então foi sensacional, até quem nunca ouviu um pode ter idéia do que se trata.

    "acordam os mortos e fazem as flores murcharem com seu ronco embaralho."

    Aliás, para complementar, como diz um amigo meu: Faz crianças chorarem e homens fortes tremerem.

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  2. Milton,
    Um V-8 que me seduziu foi o do Ferrari F40. Nunca vou esquecer aquele teste de Quatro Rodas em outubro de 1992. Só com 1,1 bar de pressão produzido pelos dois turbos IHI, com dois intercoolers, são 478 cv a 7.000 rpm e 58,8 mkgf a 4.000 de um 3-litros. Perfeito! Com 1.235 kg são 2,58 kg/cv. A 200 km/h em quinta (última marcha) são apenas 4.400 rpm. Passeio! Na pista de taxiamento do aeroporto de Viracopos (2.700 m) chegou a 302,3 km/h, média de duas passagens, dois sentidos. Faltaram 750 rpm para chegar a 7.000 rpm.
    O lado irônico deste teste é estar na mesma edição de Quatro Rodas (nov/92) meu teste do...Gurgel Supermini!

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  3. Marcello, obrigado!

    Bob, F40 é minha favorita também. Até hoje um dos carros mais rápidos do mundo, com marcas que demoraram a serem batidas. Pra mim, esse carro resume o espírito da marca.

    abraços

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  4. Acho mesmo que é simplesmente importação de cultura, pois os estadunidenses fazem desta exportação meio de vida. Revistas, livros, tudo deles chega mais fácil e chamativo do que algo europeu com sua filosofia sobre o automóvel. E de uns tempos pra cá a venda da cultura automobilistica americana pegou de vez com a disseminação da TV por assinatura. Se aqui a educação permitisse alguma reflexão e estudo do que é realmente válido ou somente marketing, não haveria problema algum, mas acho que isso não ocorre. Da maneira que o público (principalmente os mais jovens, ou nem tanto) está vendo as coisas, já estão achando que pra gostar de automóvel tem que ser do jeito imposto por eles.

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  5. O que mais me agrada nos grandes motores V8 americanos é justamente o ronco para lá de encorpado, bem sintetizado pelo Milton Belli na frase "mas acordam os mortos e fazem as flores murcharem com seu ronco". Quem já ouviu ao vivo um Dodge 440 ou então o 426 Hemi dos antigos Charger R/T sabe do que estou falando... Esses motores têm o ronco mais bonito que um V8 pode produzir, na minha humilde opinião, mesmo com os escapes originais de fábrica.

    Sobre Ferraris, considero o F40 como o último Ferrari dos tempos áureos. Todo o carro foi pensado para andar (muito) bem e trazer ao motorista-piloto a sensação mais próxima de um carro de competição, mas passível de ser dirigido sem maiores dificuldades. A tecnologia resumia-se ao mínimo necessário, mantendo o motorista sob domínio total do carro. O ronco da "jóia-V8" é bonito, mas combina mais com circuitos de competição. Para as ruas, ainda prefiro os "mastodônticos" Dodge V8.

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  6. Milton,
    é o som mesmo, não há dúvida.
    Nem mesmo motor de Ferrari me arrepia tanto.

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  7. Talvez minha dúvida seja tola, mas...
    Por que os V8 de menor deslocamento volumétrico (até 3L) não são tão comuns?
    Salvo os aspectos técnicos e o maior custo, um V8 "pequeno" (quiçá, sobrealimentado) poderia ser mais interessante que outro motor de menor número de cilindros e igual deslocamento e, talvez, equivalente a outro V8 "grande" de baixa potência específica.
    Antes que o AG censure meu comentário, confesso que também sou fã dos grandes V8.

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  8. Marlos,

    No replacement for displacement. só por isso. E time que ganha não se mexe. Se existe um lugar no mundo onde se pode ter tudo, é nos eua. Se lá V8 vareteiros reinam absolutos, é apenas porque são os que apresentam melhor custo beneficio. Simples assim. Não os troco por nada.

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  9. É por essas e outras que o Mustang lá continua com o eixo-rígido na traseira.

    Não é o melhor, mas é o que funciona.

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  10. qualquer joguinho eletrônico de carros, da década de 80 e 90, tem como som de motor um V8, mesmo que porcamente digitalizado!

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  11. Ronco de V8 não se explica. Ouve-se e sente-se a sinfomnia simplesmente...

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  12. " ... e um carburador que pode sugar um passarinho pra dentro do motor sem dificuldades."

    Muito bom ! Estou sem palavras !

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  13. Miltão, seu texto está deliciosamente explicativo.
    Acho que sobre os V8, fomos por muitos anos influenciados pelos americanos e seus carrões do pós guerra.
    Nos apaixonamos pelo seu diferenciado ronco.
    Qualquer um, por mais leigo, consegue diferenciar um V8 de um 4 ou 6 canecos.
    Desde os Flathead, até o "V oitão" posteriores, tinham como carcateristicas o belo ronco.
    Aqui nos anos 60, a chegada do Simca Chambord e o seu já ultrapassado motor 8BA, fez a alegria de muitos, só pelo som do motor.
    Até ignoravam os problemas do carro em inicio de produção, iludidos pelo belo ronco e o som do retrocesso pelo escapamento.
    Mas um V8 de F-40 é para ser ouvido de joelhos...
    Que dureza hein Bob?
    F-40 e Gurgel Super Mini na mesma edição da revista...

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  14. Romeu, está no sangue, fazer o que?
    Ajoeilharmo-nos perante a F40!
    abs!

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